segunda-feira, 12 de agosto de 2024

8º ano. Escola Auxiliadora - Página 111

 Boletins sediciosos da Conjuração Baiana

Na manhã do dia 12 de agosto de 1798, apareceram na cidade de Salvador diversos manuscritos, colados em variados pontos da cidade, como na Igreja da Sé (atual Praça da Sé) e na Praça do Palácio (atual Praça Tomé de Souza). Esses manuscritos expressavam os anseios e objetivos dos organizadores da Conjuração Baiana. Chamados de “panfletos”, “papéis sediciosos” ou “boletins sediciosos”, eles são documentos importantes para a compreensão daquele movimento. Leia a seguir trechos desses boletins:

Trecho 1 

A liberdade consiste no estado feliz, no estado livre do abatimento: a liberdade é a doçura da vida [...]. TAVARES, Luís Henrique Dias. História da sedição intentada na Bahia em 1798
 (“A Conspiração dos Alfaiates”). São Paulo: Pioneira, 1975. p. 24.

Trecho 2 

Cada um soldado é cidadão, mormente os homens pardos e pretos que vivem escornados e abandonados, todos serão iguais, não haverá diferença; só haverá liberdade, igualdade e fraternidade. TAVARES, Luís Henrique Dias. História da sedição intentada na Bahia em 1798 
 (“A Conspiração dos Alfaiates”). São Paulo: Pioneira, 1975. p. 32.

Trecho 3
 Portanto faz saber, e dá ao prelo que se acham as medidas tomadas para o socorro Estrangeiro, e progresso do comércio de açúcar, tabaco e pau-brasil e todos os mais gêneros do negócio, e mais víveres, contanto que aqui virão todos os estrangeiros tendo porto aberto, mormente a Nação Francesa. TAVARES, Luís Henrique Dias. História da sedição intentada na Bahia em 1798 
(“A Conspiração dos Alfaiates”). São Paulo: Pioneira, 1975. p. 30.
1. De acordo com o trecho 1, como os revoltosos viam a liberdade?
De acordo com o trecho 1, a liberdade é definida como a “doçura” da vida, o estado em que não há “abatimento”. Pelo teor do pequeno trecho, percebemos que a liberdade tinha grande valor para os organizadores da Conjuração Baiana, pois participavam desse movimento, de modo geral, os homens livres pobres e os afrodescendentes livres e escravizados da cidade. Portanto, o tema da liberdade estava muito presente no movimento para aqueles indivíduos, como grupo social ou em relação a seus interesses, sobretudo o comércio.

2. Releia o trecho 2 e identifique alguns elementos que mostram a influência dos ideais da Revolução Francesa na Conjuração Baiana. Quem são os sujeitos sociais destacados neste trecho como cidadãos?
 O trecho é riquíssimo para identificarmos, de modo breve e sucinto, a influência dos ideais franceses na Conjuração Baiana. Ao dizer que “cada soldado é cidadão”, vemos o desejo dos revoltosos em se desligar do absolutismo da metrópole e sua vontade de se tornar “cidadãos”, ou seja, membros de uma república. Eles dizem, ainda, que todos eram cidadãos, principalmente os homens pardos e pretos, que viviam maltratados. Com o sucesso da Conjuração todos seriam iguais, “sem diferença”. Aqui, outro ideal da Revolução Francesa, que inaugurou o conceito de igualdade perante a lei. Finalmente, o trecho termina com a frase “só haverá liberdade, igualdade e fraternidade”. Os organizadores da Conjuração Baiana fizeram questão de citar o lema que reúne os três principais ideais dos revolucionários franceses, deixando explícita a influência desses ideias em seu movimento.

 3. No trecho 3, as expressões “o progresso do comércio” e “porto aberto” referem-se a um aspecto específico da ideia de liberdade, que também se origina dos ideais da Revolução Francesa. A que aspecto da liberdade os revoltosos estão se referindo? Como você chegou a essa conclusão?
Eles se referem à liberdade econômica. Quando dizem que “aqui virão todos os estrangeiros tendo porto aberto” e ao “progresso do comércio”, os revoltosos mostram o desejo de desfazer os laços de dependência econômica em relação à metrópole portuguesa e de inaugurar a liberdade comercial, sendo a abertura dos portos um grande símbolo desse processo. Vale a pena retomar, com os estudantes, os principais objetivos da Conjuração Baiana: estabelecimento de um governo republicano, sem laços com a metrópole portuguesa, liberdade de comércio e aumento do soldo dos soldados. 








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