domingo, 29 de março de 2015

Personagem p. 59 – 9º ano - A Revolta dos marinheiros



A Revolta dos marinheiros
                  No início do século XX, grande parte do efetivo da marinha brasileira era formada por pessoas pobres, muitas delas recrutadas entre ex-escravos e seus descendentes. Para os oficiais, a disciplina da corporação só podia ser mantida com a mesma violência aplicada antes nas grandes fazendas.
               Os castigos corporais incluíam chibatadas, palmatórias e prisões a ferro. A situação provocava revoltas contínuas entre os marinheiros. O clima agravava-se ainda mais com as notícias que chegavam sobre a revolta do encouraçado Potemkn, na Rússia (1905).
               O estopim da revolta foi a punição do marinheiros Marcelino Menezes, que recebeu 250 chibatadas, aplicadas pelo comandante do encouraçado Minas Gerais diante de toda a tripulação. No dia 22 de novembro de 1910, por decisão unânime das lideranças, eclodiu a Revolta da Chibata.
               Em pouco menos de uma hora, os marujos tomaram o encouraçado Minas Gerais. Agiram sob a liderança de João Cândido Felisberto, um marinheiro filho de ex-escravo que desde os 14 anos trabalhava na corporação. Logo depois eles receberam o apoio dos encouraçados São Paulo, Bahia e Deodoro.
               A tensão na capital federal, que chegou a ser bombardeada, durou cerca de três dias. O governo decidiu então ceder às reivindicação dos rebeldes e anistiar os revoltosos. No entanto, aproveitando a desmobilização dos rebeldes, o governo voltou atrás e ordenou a expulsão dos principais líderes da revolta. Nesse clima conturbado, estourou uma rebelião, agora de fuzileiros navais.
               Vários marinheiros foram presos e sumariamente executados. João Cândido permaneceu na cadeia por 18 meses e depois foi encaminhado para um hospital psiquiátrico, de onde saiu em 1914. Muitos marinheiros foram levados para a Amazônia, obrigados a trabalhar na extração do látex ou na instalação de linha telegráficas.
               Terminava, assim, uma revolta que revelava as mazelas a sociedade brasileira, marcada pela escravidão, por conflitos étnicos e pela pobreza de grande parte da população.
1. Que semelhanças existem entre a Guerra de canudos, a Guerra do Contestado e a Revolta da Chibata? Os dois movimentos tiveram características rurais, apoiavam-se em crenças messiânicas e revelaram o anseio por terra e por uma religiosidade popular independente do controle da Igreja Católica.
2. como o governo republicano tratou esses movimentos sociais? O tratamento recebido pelo movimento do Contestado pelo governo foi o mesmo reservado a Canudos e a Revolta da Armada, por exemplo. As autoridades promoveram uma violenta repressão, que resultou na morte de milhares de pessoas. Na Guerra do Contestado, em que o governo utilizou peças de artilharia e metralhadora para combater os rebeldes, morreram cerca de 20 mil pessoas.

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