Revolução de 1930?
Os eventos de 1930 receberam, praticamente desde seu início, a designação de “revolução”.
Contudo, ao longo do tempo, com base em revisões historiográficas e em muitos debates, os
historiadores brasileiros passaram ora a questionar o uso do termo “revolução”, ora a aceitá-lo.
Leia, agora, dois exemplos que mostram diferentes interpretações dos acontecimentos de 1930.
Trecho 1
O declínio das oligarquias denunciava a presença de novas forças no cenário brasileiro.
A
estrutura econômica já não encontrava correspondência na estrutura política, inadequa
da, obsoleta, vivendo por inércia, rotina
da em seus processos e tendo de valer-se
agora de recursos diversos para assegurar
a sua continuação. [...]
[...] A Revolução de 1930 assinala, na
história brasileira, o primeiro exemplo de
movimento revolucionário que parte da
periferia sobre o centro.
SODRÉ, Nelson Werneck. Formação histórica do
Brasil.
10. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
1979. p. 314, 320.
Trecho 2
O país conservou íntegra a sua estrutura econômica, a terra continuou em mãos de seus
antigos proprietários, o café continuou a ser o elemento dominante da nossa exportação
e a fonte máxima de divisas, as classes sociais continuaram onde estavam, as relações de
produção no campo permaneceram as mesmas. Só que as classes pobres ficaram ainda
mais pobres. Desse modo a Revolução de 30 não foi na realidade uma revolução, como não
foi igualmente um movimento puramente militar e menos ainda uma guerra civil. Talvez se
pudesse classificá-la como uma insurreição político-militar com apoio parcial do povo, em
bora possa continuar chamando-se Revolução de 30, nome que, com as devidas ressalvas,
não prejudica ninguém.
BASBAUM, Leôncio. História sincera da República: de 1889 a 1930.
4. ed. São Paulo: Alfa Omega, 1981. p. 293-294.
1. Qual é a visão que o historiador do trecho 1 tem dos eventos de 1930? Para o historiador do trecho 1, a Revolução de 1930
“assinala, na história brasileira, o primeiro exemplo de
movimento revolucionário
que parte da periferia sobre
o centro”. Ele utiliza de forma
bastante objetiva e positiva o
termo “revolução”, e, portanto, podemos afirmar que ele
concorda com seu uso e que,
para ele, os eventos de 1930
constituem uma revolução. 2. Como o historiador do trecho 2 interpreta os eventos ocorridos em 1930? Para o historiador do trecho 2, os eventos de 1930 não
constituem uma revolução.
Ele lista uma série de fato
res que sustentam sua ideia:
após os eventos de 1930, o
Brasil conservou sua estrutura econômica, sendo que
a terra continuou nas mãos
dos mesmos proprietários e
o café permaneceu como o
produto mais importante de
nossas exportações; as classes sociais, para ele, permaneceram as mesmas, sendo
que “as classes pobres ficaram ainda mais pobres”.
3. Ao estudar História, você já se deparou, em diversos momentos, com o conceito de “revolução”. Reflita
e escreva sobre o seu significado. Para dar subsídios à sua explicação, faça uma pesquisa na internet
sobre o tema. Lembre-se de considerar diferentes fontes e pontos de vista que podem complementar
a sua definição.
Sugestão de resposta
O conceito de “revolução” pode variar de autor para autor,
consigam construir um texto
próprio em que deem um significado mais ou menos genérico para o termo. De modo
geral, usa-se o conceito de
“revolução” em História para
identificar um processo que
modifica radicalmente as estruturas estabelecidas até então em determinado local, ou
mesmo em diversas regiões
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