Há muitos anos vivia na Índia um rei sábio e muito culto. Já havia lido todos os livros de seu reino. Seus conhecimentos eram numerosos como os grãos de areia do rio Ganges. Muitos súditos e ministros, para agradar o rei, também se aplicaram aos estudos e às leitura dos velhos livros. Mas viviam disputando entre si quem era o mais conhecedor, inteligente e sábio. Cada um se armava em ser o dono da verdade e menosprezava os demais.
O rei entristecia com essa rivalidade intelectual. Resolveu, então, dar-lhes uma lição. Chamou-os todos para que presenciasse uma cena no palácio. Bem no centro da grande sala do trono estavam alguns belos elefantes. O rei ordenou que os soldados deixassem entrar um grupos de cegos de nascença.
Obedecendo às ordens reais, os soldados conduziram os cegos para os elefantes e, guiando-lhes as mãos, mostraram-lhes os animais um dos cegos agarrou a perna de um elefante; outro segurou a cauda; outro a barriga; outro, as costas: outro apalpou as orelhas: outro, a tromba.
O rei pediu que cada um examinasse bem, com as mãos, a parte que lhe cabia. Em seguida, mandou-os vir à sua presença e perguntou-lhe:
- Com que se parece um elefante?
Começou uma discussão acalorada entre os cegos.
Aquele que agarrou a perna respondeu:
- O elefante é como uma coluna roliça e pesada.
-Errado! – interferiu o cego segurou a cauda.- O elefante é tal qual uma vassoura de cabo maleável.
- Absurdo! –gritou aquele que tocou a barriga. – É uma parede curva e tem a pele semelhante a um tambor.
-Vocês não perceberam nada – desdenhou o cego que tocou as costas. – O elefante parece-se com uma mesa abaulada e muito alta.
-Nada disso! –resmungou o que tinha apalpado as orelhas. – É como uma bandeira arredondada e muito grossa que não pára de tremular.
- Pois eu não concordo com nenhum de vocês – falou alto o cego que examinava a presa. – Ele é comprido. Grosso e pontiagudo, forte e rígido como os chifres.
-Lamento dizer que todos vocês estão errados –disse com prepotência o que tinha segurado a tromba. –O elefante é como a serpente, mas flutua no ar.
O rei se divertiu com as respostas e, virando-se para seus súditos e ministros, disse-lhes:
-Viram? Cada um deles disse a sua verdade. E nenhuma delas responde corretamente a minha pergunta. Mas se juntarmos todas as respostas poderemos conhecer a grande verdade. Assim são vocês: cada um tem sua parcela de verdade. Se soubermos ouvir e compreender o outro e se observarem o mundo de diferentes ângulos, chegarão ao conhecimento e à sabedoria.
Conto do budismo chinês,“ Face-de-Espelhos”.
Atividades
Releia a lenda indiana e escreva uma pequena redação dando sequência a lenda com o seguinte roteiro.
Os súditos e ministros afirmaram ter entendido a lição que o rei lhes deu. Para testá-los, o rei escolheu quatro deles para uma missão: examinar os restos de um palácio completamente destruido e semi-soterrado e descobrir por que ele ficou neste estado. cada um dos quatro pequisa uma parte das ruinas e cad um encontra um objeto diferente.
Eles Chegaram ou não à mesmo conclusão?
Seja criativo e apresente bons argumentos.
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