A conjuração Mineira é a revolta mais conhecida nas Minas Gerais do século XVIII. Porém, ela não foi a única a ocorrer no período.
“A palavra ‘inconfidência’
significa traição ao rei. [...] No entanto, seu significado era um pouco
oscilante. Podia se referir a uma verdadeira trama subversiva ou ao hábito
[...] de proferir blasfêmias e impropérios contra o monarca. É que o rei no
período, D. José I, viu-se bastante contestado pelos seus súditos mineiros,
principalmente depois que o marquês de Pombal comandou a expulsão dos jesuítas
[...].
A decisão provocou a eclosão de
várias inconfidências em Minas, com abertura de processos e punição dos
culpados. [...] A primeira das
Inconfidências Pombalinas aconteceu em Curvelo (1760 -1763), a segunda, em
Mariana (1768), de
pois em Sabará (1775) e novamente em Curvelo (1776).
Ao contrário da Conjuração
Mineira de 1789 [...], nas inconfidências de Curvelo, Mariana e Sabará não era
intenção dos envolvidos romper os laços com a metrópole. Todos surgiram da
insatisfação com o enfrentamento entre o marquês de Pombal e a Companhia de
Jesus, que culminaria na expulsão dessa ordem religiosa dos domínios portugueses.
[...] O rei português, D, José I, e seu ministro Pombal foram ferozmente
atacados por meio de ‘papeis sediosos’ brados, conversações e burburinhos que
continham violentos insultos ao rei e ao marquês. [...]
Segundo apurações da Coroa, os
responsáveis eram ex-jesuítas ‘encobertos’ sob outras identidades [...].
ex-alunos. Partidários, ou, simplesmente admiradores da Companhia de Jesus que
não aceitavam as determinações do ministro Pombal [...] Pombal, por sua vez, procurou
combater a Companhia de Jesus com as armas de que dispunha. Patrocinou e
difundiu um vasto material antijesuítico não só em seus domínios, mas em toda a
Europa. Estabeleceu uma política repressora, prendendo aqui e ali alguns ‘encobertos’
e seus comparsas. [...]
Mais do que um protesto contra a
expulsão dos jesuítas, as inconfidências do período pombalino revelam a cisão
entre os poderosos locais. [...] As revoltas expõem o alto preço pago pela Coroa
por suas medidas impopulares [...] e o desgaste sofrido pela imagem do rei na
América portuguesa.”
CATÃO, Leonardo Pena. Mania de
inconfidência.
Livro didático Projeto Araribá, 3º Ed. P. 155
Questões
1. Segundo
o texto, quais são os significados da palavra “inconfidência”?
Segundo o autor, a palavra “inconfidência” podia significar
traição ao rei, ou ainda, uma trama subversiva ou o hábito de proferir
blasfêmias e impropérios contra o monarca.
2. Aponte
as diferenças entre a Conjuração Mineira de 1789 e as outras inconfidências
citadas pelo autor. Ao contrário da Conjuração Mineira
de 1789, as outras inconfidências citadas pelo autor não tinham a intenção de
romper definitivamente os laços com a metrópole. As inconfidências de Curvelo,
Mariana, Sabará surgiram da insatisfação dos envolvidos com o marquês de Pombal
e com o manarca português D. José I, devido à política de repressão que estes
mantinham em relação à companhia de Jesus.
3. O
que as inconfidências mineiras da segunda metade dos século XVIII revelam? As inconfidências mineiras da segunda metade dos século XVIII
revelam, além de um protesto contra a expulsão dos jesuítas, uma cisão entre os
poderosos locais. Essas revoltas expuseram o alto preço que a Coroa pagou por
suas medidas pouco populares e o desgaste da imagem do rei na América
portuguesa.